No Maldito Bar


Eu pensava q ontem viria a mesma dúvida q invadia minha cabeça e na realidade nunca fiz questão de perguntá-la a ninguém, a pergunta sempre era essa quando me deparava com homens solitários jogando bilhar ou escorados no balcão dentro do bar: "O q leva um cara tá as 19 rodeado de machos ao invés de estar junto a suas mulheres?" Junto a essa pergunta vinha eu na minha mente tentando traçar o perfil daquelas pessoas: "será q são casados?" "será q são boêmios?"; "será q possuem muita dor no coração e estão desiludidos com amor?"; mas logo depois dessas indagações vinha apenas um desprezo interno q me fazia incoscientemente andar um pouco mais rápido e passar daquela calçada q dava de frente ao bar, sem contar q sempre penso: "se gerar uma briga ai o pipoco vem pro meu lado, deixa eu passar logo esse reduto de cachaceiro!"
Ontem foi um final de tarde mágico, bem diferente dos q todos dias eu estava acostumado a pensar e vivenciar ao passar na porta desse bar, do bar ecoava arte, música, sons q me fizeram voltar para algum lugar tranquilo do passado onde se respirava tranquilidade e paz, a princípio pensei se tratar de algum som dentro da escola de música q fica bem próxima ao bar, mas ao dar mais passos a frente, notei q era um senhor q soprava sua já frágil respiração em forma de vida, sua vida ecoava em toda rua através de um barulho de saxofone, instrumento o qual não tenho costume de ver tocando a toda hora, pela primeira vez pensei em parar em frente a aquele bar e contemplar aquela cena com mais atenção, mas eu tinha hora marcada e dessa forma não pude fazer; me senti como se tivesse dentro daqueles vinis q meu pai costumava ouvir ao som de saxofones e sambas antigos, o som me levou a infância, me levou a agarrar as mãos de tempos menos árduos e mais inocentes, fez com q minha alma se ligasse não só a daquele senhor q soprava vida para todos do quarteirão, mas também a todos fragmentos de lembranças q me levavam a um tempo mágico onde todos q amo se encontravam presentes no quadro inerte da vida, mas q a cada foto tirada poderíamos se movimentar e estarmos cientes q estávamos vivos.
Foram poucos minutos, mas minutos suficientes ao ponto de me levar em notas musicais pelo passado, passado q aparentava ter como tamanho apenas um quarteirão, mas q se perpetuou em minha mente me fazendo lembrar de um tempo em q desconhecia palavras como tristeza, ganância e preocupação.

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